O parceiro Antonio Carlos, assíduo participante da seção de comentários do Blog do Ari, sugere que debatamos uma pauta polêmica, senão vejamos: “Ari, você prestaria um serviço inestimável ao acesso da Ponte, se conseguir traduzir qual a origem real da disparidade de resultados da Ponte, em casa e fora de casa”.
Coincidência? Sorte? Cultura do futebol com chances maiores para o mandante? Medo quando joga fora de casa?
Opiniões são múltiplas, e por isso a gente convida aqueles que ainda não fazem parte do espaço de comentários, pois em discussão sobre futebol sempre cabe mais um.
Quem ainda não teve acesso à plataforma, em outro link anexo a home do portal Futebol Interior, então seja bem-vindo: https://blogdoari.futebolinterior.com.br/
CAUTELA DO VISITANTE
O também parceiro Carlos Agostinis, bugrino de quatro costados, abre a discussão de maneira procedente, ao citar que ‘existe uma cultura histórica nos times brasileiros de adotar uma postura cautelosa nos jogos fora de casa, imaginando que os times da casa tendem a propor o jogo’.
Esse é o ponto central da discussão. Se o mandante adota linha alta de marcação até na saída de bola do visitante, automaticamente o força à ligação direta, pois são raros os clubes capacitados à valorização na saída de bola de trás, com receio de perda e aí serem surpreendidos.
Ligação direta, na maioria das vezes significa presentear o adversário com a bola. Aí, há o natural processo de evolução e são criadas situações de gols para quem esteja se defendendo.
ESPAÇAMENTO
No caso específico da Ponte Preta, há dois agravantes nesses jogos: como é desproporcional exigir frequentes recomposições de atacantes, no cobrado vaivém, várias vezes ficam bem mais adiantados em relação aos defensores, e a bola longa resulta em erros de passes.
Em jogos fora, contanto com menor mobilidade do meia Élvis, a competitividade da Ponte Preta é um pouco inferior.
Aí vem a tese do parceiro Antonio Carlos de que o seu clube deveria adotar, fora de casa, o mesmo modelo tático visto enquanto mandante.
Então vamos lá: a Ponte Preta conta com zagueiros de velocidade?
Não.
Se fora de casa o adversário adianta as linhas, a ‘becaiada’ da Ponte Preta, por opção, recua, de certo calculando que, ao ceder espaço para o adversário disputar jogada na corrida, o risco de levar desvantagem seria maior.
Aí você pergunta: em casa não seria a mesma coisa?
Não, porque, por prudência, o adversário não coloca linhas tão avançadas.
JOGO A JOGO
Primeiro jogo da Ponte Preta fora de casa, sob o comando técnico de Nelsinho Baptista, foi contra o América Mineiro.
Aí, derrota normal por 2 a 0 para uma equipe mais qualificada.
Mesmo placar, contra o Botafogo, a avaliação lógica foi que a Ponte Preta não correspondeu.
No empate com o Guarani por 1 a 1, ela foi dominada durante quase todo primeiro tempo, e se prevaleceu na sequência devido à expulsão do atacante bugrino João Victor.
Empate sem gols com o Brusque se caracterizou por jogo fraco, enquanto a derrota para o Paysandu foi natural para um time mais ousado ofensivamente.
Evidente que jogo a jogo, Nelsinho Baptista buscou ajustes táticos em sua equipe, com redução do espaçamento dos compartimentos, e isso ficou evidenciado contra o Sport, em Recife, quando o empate já se desenhava até os 38 minutos do segundo tempo, mas o volante Fabrício Dominguez acertou belo chute, de fora da área, desempatando em 2 a 1 para o mandante, até que Ponte Preta fosse sofrer o terceiro gol após a expulsão do goleiro Pedro Rocha.
No caso do empate com o Coritiba, a Ponte Preta se prevaleceu após expulsão do atacante Robson.
E EM CASA?
Em jogo com nível de igualdade, o empate se ajustaria melhor no duelo contra o Novorizontino, em casa, mas no final das contas deu Ponte Preta por 1 a 0.
Contra o instável Avaí, em casa, pessoas ‘antenadas’ quando a bola rola com certeza constataram que a entrada de Joilson na zaga, em substituição ao suspenso Mateus Silva, provocou desajuste no setor.
No pós-jogo, especifiquei duas bolas nas costas do lateral-direito Igor Inocêncio, sem que Joílson fizesse a devida cobertura. Aí o atacante Garcez recebeu passe livre de marcação, mas desperdiçou as chances.
Por sinal, até o quarentão Vágner Lope encontrou facilidade para receber lançamento livre de marcação, exatamente onde deveria estar Joílson, mas, por sorte da Ponte, o lance não resultou em gol.
Segundo tempo, com ajustes de marcação, prevaleceu a Ponte Preta com vitória por 1 a 0.
Como o Mirassol perdeu o atacante Fernandinho, expulso, ainda no primeiro tempo, a Ponte se prevaleceu e ganhou por 4 a 2.
As vitórias sobre CRB, Ceará e Vila Nova foram incontestáveis, pois, como mandante, a Ponte Preta adiantou as linhas e, assim, o time ficou mais compactado.
Quem pensa esse ‘enredo’ de forma diferente, o espaço está aí, para contestação.