Por vezes críticas são feitas ao rendimento de Guarani e Ponte Preta, mas na maioria das vezes não se observa aquilo que treinadores adversários fazem para neutralizar os pontos fortes do clubes campineiros.
É isso que abordo na produção de áudio, que pode ser acessada no link https://blogdoari.futebolinterior.com.br/.
Para o pontepretano, bendita foi a hora que o treinador Alberto Valentim abandonou a sua missão na Ponte Preta, e optou pela etapa seguinte no América Mineiro.
Aí é preciso ressaltar os méritos do coordenador de futebol do clube pontepretano, João Brigatti, na seleta escolha do substituto.
Indicou o profissional Marcelo Fernandes para a incumbência, e a Ponte Preta só ganhou com a mudança.
A rigor, Marcelo Fernandes tinha motivos de sobra para aceitar o desafio e colocar em prática a sua capacidade.
Era a oportunidade para mostrar à cartolada do Guarani o quão precipitada e inadmissível foi aquela demissão, quando integrava o clube.
Quando chegou ao Estádio Brinco de Ouro, a missão inicial dele era tirar o Guarani do buraco colocado, e na sua empreitada havia conquistado 16 pontos.
Na chegada à Ponte Preta, a atribuição foi usar a varinha mágica para solução de problemas.
SALÁRIOS ATRASADOS
Primeiro passo seria convencer a boleirada descontente com atrasos de salários para não jogar a toalha, pois soaria como gol contra na projeção natural da carreira de cada um.
E o discurso de fazer o futebol da Ponte Preta prosperar seria um investimento na continuidade da carreira de cada um, em demonstrativo que mostrou a capacidade dele de persuasão.
O ponto seguinte foi colocar em prática aquilo que os olhos do antecessor Valentim não enxergavam, que era arrumação da equipe, com estratégias táticas variadas.
Fernandes ensinou para Valentim a validade da escalação de um trio ofensivo, com escolha de dois atacantes de beiradas.
PACHECO
Convenhamos que foi uma ‘benção’ à Ponte Preta Valentim ter levado ao América Mineiro o lateral-direito Maguinho – de alto salário e baixa produtividade.
O ‘remédio adequado para reposição foi valorizar o então marcador Pacheco, para que adicionasse algumas investidas ao ataque.
E como deu certo!
Se havia lamentação pela perda do zagueiro Emerson, suspeitando-se que seria um desfalque incorrigível, eis que Marcelo Fernandes apostou que o então relegado Saimon seria a solução, e foi.
Se não foi possível reativar o rendimento aceitável do lateral-esquerdo Artur, pelo menos passou a errar menos comparativamente aos tempos de Valentim.
OUTROS VOLANTES
E como melhorar a consistência da cabeça da área?
Simples. Usar a vitalidade física do polivalente Luiz Felipe e a ‘descoberta’ que o então reserva Léo Oliveira tinha mais a oferecer à equipe do que o botinudo Dudu, que voltou ao Vitória e continua com a ‘folha de serviço’ com expulsões.
TORÓ
Marcelo Fernandes detectou que a fixação de Jonas Toró no lugar do desmotivado Jean Dias seria alternativa recomendável.
E Toró foi além do esperado. Além da eficiência tática para duplicidade de funções – com adequada recomposição para marcar -, transformou-se em homem gol decisivo.
Assim, Marcelo Fernandes escancarou para Valentim que é possível conseguir eficiência defensiva mesmo escalando dois atacantes de beirada.
Basta que sejam incumbidos para o trabalho de vaivém, e isso tem sido feito por Toró e Bruno Lopes.
A vantagem é que a equipe ganhou mobilidade ofensiva, oferecendo mais alternativa para o meia Élvis ser o construtor de jogadas, com melhor repertório.
GAROTOS DA BASE
Evidente que as peças para reposição ainda estão aquém do esperado, mas o balanceamento com a inclusão de garotos da base implica em ganho de força física, para ajudar na ‘pegada’.
Se a cartolada abusou em contratações de atacantes que provocaram raiva de torcedores, Marcelo Fernandes bateu o olho nas categorias de base e detectou que o garoto Miguel seria opção valiosa no ataque.
A resposta está aí em jogos deste quadrangular da Série B, quando sofreu o pênalti que resultou no gol da vitória sobre o Brusque, e o gol do acesso diante do Náutico, no sábado.
BRIGATTI
Trocado em miúdos, acertou em cheio João Brigatti ao apostar no antigo amigo Marcelo Fernandes, para ajustar um time cheio de desconfiança dos torcedores.
Marcelo Fernandes teve percepção que a vinda à Ponte Preta seria a divina oportunidade para que desse um tapa com luva de pelica em incautos cartolas do Guarani, que se precipitaram redondamente quando da inesperada demissão, após aquela derrota para o Náutico, em Campinas, em jogo que ele sequer ficou no banco de reservas, pois cumpria suspensão.