O futebol é tão enigmático que leva o fanático torcedor – e por vezes até analistas – à falta de discernimento concreto dos fatos.
As redes sociais foram inundadas, após a derrota do Guarani no dérbi campineiro, por 2 a 0, com citações que a equipe esteve apática durante o jogo.
Infelizmente esse troço chamado futebol privilegia leitura adequada de bola rolando a poucos, e assim prevalece o modismo de ‘Maria vai com as outras’.
Primeiro é necessário identificar o caso de o Guarani ter conseguido uma reação suficiente nesta Série C, para chegar ao quadrangular final.
Constate que o time se valeu da efetividade nas raras oportunidades criadas para conclusões de seu artilheiro Bruno Santos.
Acrescente a isso parte significativa de seus gols, nos últimos jogos, ao ensaio de bola parada, com complemento de cabeceio, principalmente através de defensores.
E quais os principais caminhos para a equipe se aproximar da área adversária?
CORREDORES
Um deles nas ‘subidas’ dos laterais, principalmente através de Emerson Barbosa, pelo lado esquerdo.
Afora isso, uma ou outra bola lançada pelo meia Diego Torres, para explorar a velocidade do atacante de beirada Mirandinha.
Bom, a partir disso, vamos aos detalhes que os seus olhos não identificaram, até porque são estratégias táticas quando a bola rola, e requer aquela concentração que não lhe permite ‘piscar’.
Por acaso o Guarani conta com um meia condutor de bola, que tenha capacidade de infiltração, através de dribles?
Não!
Saiba, então, que o treinador Marcelo Fernandes – na passagem pelo Guarani – foi quem ativou corredores pelas beiradas do campo, explorados principalmente por Emerson.
Por ali o time tinha volume de jogo ofensivo e cruzamentos com relativo aproveitamento.
RECOMPOSIÇÃO DE ATACANTES
Aí, senhores, saibam que Marcelo Fernandes habilmente fechou os respectivos corredores, com dupla recomposição de seus atacantes de beirada, casos de Bruno Lopes e Diego Tavares.
Ambos não deixaram os laterais bugrinos ‘respirarem’.
Ora, e seria correto Lucas Justen e Emerson se atreverem a arrancadas do campo defensivo, serem desarmados e o adversário aproveitar o vacilo?
E Diego Torres ‘amarrado’ com rigorosa marcação, restou à equipe bugrina a alternativa de bolas alongadas da defesa.
Como os zagueiros pontepretanos Wanderson e Saimon sabem se impor no jogo aéreo, aquilo se transformou em ‘bate e volta’.
Ora, sem opções pelos lados do campo, com os volantes Luiz Felipe e Rodrigo Souza anulando Diego Torres, o que o bugrino queria?
MIRANDINHA
Nem aquele espaço para velocidade de Mirandinha foi permitido por Marcelo Fernandes.
Então, senhores, são macetes do futebol, por vezes de difícil compreensão.
Futebol, na terceira divisão nacional, raramente a individualidade faz a diferença. Na maioria das vezes a definição se dá nos detalhes e ajuste de estratégias exploradas.
Mais uma vez o treinador Marcelo Fernandes sabiamente demonstrou aos precipitados cartolas do Guarani o quão errados estavam quando surpreendentemente o demitiram.