Quando você vê treinadores esperneando naquele retângulo à beira do gramado, ora importunando representantes da arbitragem, ora com vibração incontida em lances de gols – como se fossem torcedores -, saiba que na maioria das vezes eles pensam exclusivamente neles.
Pois Alberto Valentim se encaixa neste perfil. Bastou trocar a cor de camisa – ao se transferir para o América Mineiro – para esquecer que a Ponte Preta o acolheu quando vinha de dois rebaixamentos no Ituano.
Até de levar o lateral-direito Maguinho a Belo Horizonte, para que continue como seu comandado, a bem da verdade fez um favor à Ponte Preta, mas, na reta de chegada da Série C do Brasileiro, levar também o zagueiro Emerson é uma clara amostragem que pensa só nele.
Não que o zagueiro seja um baita jogador, mas para uma terceira divisão nacional estava bem encaixado na equipe pontepretana.
Sim, dirão que Valentim, como profissional da bola, tem mais é que pensar nele, que não tem raízes pontepretana e por aí vai.
Pois é assim que a banda toca, quer com Valentim, quer com uma infinidade de treinadores.
HÉLIO MAFFIA
Quando me interrogam para que clube eu torço, minha resposta se resume a um ensinamento que recebi em 1979 do saudoso preparador físico Hélio Maffia: nenhum!
Como assim? Bendita foi a mensagem passada por Maffia àquela época: “Acorde enquanto é tempo. Comece a enxergar como é o futebol aqui e indistintamente em qualquer outro lugar”.
O que tem a ver uma coisa com outra? Quando, onde e por que aconteceu isso?
Se de fato já tive preferência clubística, a profunda imundice constatada no mundo da bola exigiu que me isolasse disso, e agisse apenas profissionalmente
Logo, que você torcedor continue não sabendo do mundo ‘aporcalhado’ que já foi o futebol
RÁDIO BRASIL
Naquela época da fala do Maffia eu era um novato repórter da Rádio Brasil-Campinas, e a turma da imprensa estava irritada com a demora para abertura do vestiário visitante do Estádio Ulrico Mursa, da Portuguesa Santista, visando as entrevistas então permitidas.
Maffia, visivelmente chateado com a derrota por 2 a 0 do seu Guarani, e consequente perda do ‘bicho’, abriu levemente a porta do acanhado vestiário para mostrar a algazarra que boleiros faziam na disputa por um dos dois chuveiros disponíveis.
“Vai vendo! Isso é só o começo que você verá no transcorrer de sua carreira”, acrescentou.
E vi coisas inimagináveis que nem cabe confissão aqui, para não desestimular torcedores.
Portanto, se Emerson conseguiu formar uma dupla de zaga que deu liga com Wanderson, resta saber como o atual treinador da Ponte Preta, Marcelo Fernandes, vai reorganizar o sistema defensivo de sua equipe.