Com a precariedade que se transformou o jornalismo político, prevalecendo uma militância com microfone e caneta nas mãos; donos de veículos de comunicação ‘dançando conforme a música’, num jogo de benesses; eis que o Youtube deu voz para equilíbrio do noticiário.
Se é isso que gira na ‘seara’ política, no contexto de informações gerais e esportivas a diferença foi a perda de qualidade da nova geração do jornalismo na apuração e antecipação dos fatos.
No futebol, por exemplo, como os clubes restringiram circulação de repórteres em centros de treinamentos, para se acompanhar a programação e contatos mais diretos com membros de comissão técnica e atletas, tem prevalecido a submissão do apurador de notícias.
CAIR NO COLO
Trocado em ‘miúdos’, o repórter fica à espera de que as informações caiam no colo, devidamente ‘peneiradas’ por assessores de imprensa.
Isso resultou em comodismo do pessoal, com perda daquela ambição para se aproximar o máximo possível dos fatos.
Por que todo esse rodeio?
É que cabe parabenizar o repórter Lucas Rossafa, da Rádio Jovem Pan News-Campinas, que tem se destacado ao ‘furar’ a concorrência, quer em assuntos ligados à Ponte, quer sobre Guarani.
A ganância para descoberta da informação bem escondida por cartolas da Ponte Preta exigiu que fizesse aquilo que fazíamos décadas passadas, para apuração.
Com o desligamento do treinador Alberto Valentim da Ponte Preta na segunda-feira, e a expectativa que cartolas anunciariam o sucessor no dia seguinte, Rossafa não se fixou nas informações preliminares que rolavam sobre suposto interesse por Higo Magalhães e Luizinho Lopes.
As relevantes fontes o conduziram para Marcelo Fernandes, desligado do Guarani há pouco menos de três semanas, e cravou a contratação por volta das 22h30 de segunda-feira, com imediato acompanhamento do portal Futebol Interior, sobre a apresentação do treinador já no dia seguinte.
REPÓRTERES DO PASSADO
Essa obsessão para desvendar informações era coisa rotineira da ‘reportaiada! das décadas de 70 e 80 do século passado, em Campinas.
Profissionais como Sérgio Jorge, Vagner Ferreira, Roberto Diogo, Paulo Moraes, Sidnei Defendi, Roberto Costa, Ariovaldo Izac, José Francisco Pacóla, Élcio Paiola e Artur Eugênio sabiam como poucos criar fontes confiáveis.
Logo, à medida que surgiam pistas para a devida checagem da informação, eles deixavam a cartolada de ‘cabelo em pé’, quando desvendada.
TREINOS
Contatos diretos com jogadores – principalmente reservas – eram boas pistas.
Observações criteriosas sobre desenrolar dos treinos já davam pistas praticamente seguras das escalações das equipes, por mais que treinadores procurassem fazer o jogo de ‘esconde-esconde’.
Portanto, espera-se que esse modelo de jornalismo que se investiga os fatos para furar a concorrência, que Lucas Rossafa tem demonstrado, encontre seguidores, a fim de que seja retomada aquela rigorosa, porém sadia, concorrência.