Após o Guarani sofrer goleada por 3 a 0 para o América Mineiro, o seu treinador Allan Aal teve a coragem de dizer que o time criou oportunidade de gol, como se a gente tivesse assistido à uma outra partida.
Aí, quando a assessoria de imprensa do clube indicou o meia Luan Dias para entrevista coletiva, o atleta saiu com essa ‘pérola’: “Vai ser uma partida difícil contra o Paysandu”.
Deixemos essa obviedade de Luan Dias de lado e foquemos no professor Aal.
Responsa rápido, comandante: qual a defesa digna de registro praticada pelo goleiro Dalberson, do América?
Não precisa pensar, comandante. Nenhuma!
CONTROLE DO JOGO
Que tipo de controle do jogo que o senhor cita se o Guarani não conseguiu penetração na defesa adversária?
Uma coisa é ter posse de bola, e o seu Guarani teve.
Faltou completar que foi uma posse de bola de zagueiro tocá-la ao lateral e, incontinenti, receber a devolução, como se o seu time estivesse administrando vantagem.
Posse de bola de tocar pra cá, tocar pra lá e sem penetração adianta alguma coisa?
E veja que na postagem feita aqui, na noite de domingo, até elogiei a estratégia que o senhor pretende implantar na equipe, de valorização de posse de bola de trás, com toques curtos em vez dos chutões vistos antes da sua chegada.
Saída de trás com valorização de posse de bola sim, mas necessariamente acrescentada à rapidez, para não permitir sincronizada recomposição de um adversário como o América Mineiro, enquadrado entre as agremiações com maior índice de desarmes nesta Série B do Brasileiro.
Se argumentarem como colocar em prática transição rápida nos corredores, com laterais limitados como Pacheco e Jefferson, não há como discordar?
LATERAIS
Aí, Aal, fica por sua conta a escolha de um lateral-direito de transição mais rápida, como Heitor, mas com claras deficiências na marcação.
Quem escolher?
Do lado esquerdo da defesa, do lateral Jefferson não se extrai quase nada ofensivamente e, pior, tem sido um convite para adversários explorarem aquele setor.
O que fazer então?
Não é o caso de pré-julgamento do lateral Emerson, que chegou recentemente, entrou em parte do segundo tempo contra o América, e ficou devendo.
Entendamos que ele está chegando agora e que prudentemente é recomendável que se espere um pouco mais para se emitir conceito.
MEIO DE CAMPO
Outro problema neste jogo contra o América é que o meio de campo bugrino, que havia atingido regularidade quer marcando, quer ajudando a abastecer os atacantes, ter voltado àquela esquisitice do primeiro turno da competição.
Logo, sem organizações de jogadas ofensivas, as bolas que chegaram sem rumo ao setor foram facilmente dominadas por defensores do América.
Na entrevista coletiva pós-jogo, visivelmente irritado, Aal citou claramente que ‘nós tivemos culpa nos três gols sofridos’.
No contexto, ele não deixa de ter razão. Convenhamos que esse ‘nós’ soou com jeito de ‘eles’.
PAYSANDU
Vem aí o Paysandu no próximo sábado.
O jogo será em Belém do Pará, e aí o torcedor bugrino pergunta: dá pra se reabilitar?
Depende de como o treinador Márcio Fernandes, que substituiu o demitido Hélio dos Anjos, vai mexer nas peças do tabuleiro.
NICOLAS E ROBINHO
O centroavante Nicolas, que pouco tem acrescentado à equipe, será mantido?
Se desde os tempos de Coritiba, o meia Robinho já não justificava escalação entre os titulares, agora continua devendo futebol no Paysandu, mas Dos Anjos insistia em mantê-lo.
Enquanto isso, o venezuelano Esli Garcia e Paulinho Boia, ambos atacantes, também têm ficado na reserva.
Se Márcio Fernandes copiar as ideias de Dos Anjos, as chances de sucesso do Guarani serão maiores.
Se fizer o ‘óbvio’ e mexer no tabuleiro, com troca de peças, aí é preciso dar razão a Luan Dias, que ‘será jogo difícil para o Guarani’, principalmente com a hipótese de jogar desfalcado do atacante Airton.
Sem ele, o time do Guarani perde muito em qualidade.