Décadas passadas a gente podia parafrasear o radialista Mário Celso Samy e esgoelar aquele ‘alô Campinas, meu amor’.
Pena que a Campinas de hoje, que sopra velinha nos seus 250 anos de existência, já não é aquela bem amada.
Por descuido, permitiram que a área central da cidade fosse invadida por mendigos e pilantras que aterrorizam populares e emporcalham portas de lojas através de necessidades fisiológicas.
Vê-se um centro de Campinas desfigurado e comerciantes fixando as placas de ‘aluga-se’, frustrados com prejuízos em suas atividades.
ANDAR A PÉ
Quão bom era aquela Campinas de décadas passadas que andar a pé, do centro a bairros, de madrugada, não representava perigo.
Podia-se frequentar bailinhos nas madrugadas de domingo e perambular pelas ruas com carteiras no bolso.
Na era da ‘Campinas meu amor’, a molecadinha não se importava com calos nas mãos ao pegar enxada pra ‘carpir’ terrenos e transformá-los em campinhos.
E naquele piso esburacado eles aprendiam como se faz para a bola ficar ‘grudada’ aos pés e assim aplicarem dribles desconcertantes sobre marcadores;
VARZEANO
Tempos em que raramente Campinas era povoada além da divisa da Rodovia Anhanguera e jogávamos em aconchegantes campos como do Santalucense e São João, do proprietário Louvatto, na região do antigo Campos Elíseos!
Foi a Campinas do aplaudido varzeano, com campos de terra de jogos de onze contra onze.
No bairro Castelo, perto da Igreja do Rosário, aquele raspadão do mandante ABC tem muitas histórias para contar.
Impossível enumerar todos campos de terra batida, mas como esquecer dos bairros Santa Odila, Nova Europa, Vila Nova, Bonfim, Cruzeiro (bairro Ponte Preta) e no Taquaral com mando de jogos do extinto Colúmbia?
Por sinal, difícil imaginar qual bairro não dispunha de um campo com trave de madeira e sem vestiário, o que obrigava a boleirada trocar de roupa no mato ou em perua Komki.
Aí, quer empoeirados, quer enlameados, os atletas voltaram sujos pra casa, exceto aqueles que invadiam casas de vizinhos para lavar pés e pernas.
Havia, também, aquele gramado ‘meia boca’ que beirava o córrego Proença, já no Taquaral, que o Grêmio dos irmãos Zé Carlos e Eduardo mandava jogos.
Foi a Campinas em que os vestiários de campos eram precários, mas que sobrevivessem mesmo daquele jeito.
Infelizmente sucumbiram para que espaços fossem abertos às edificações.