Bendita hora que Nenê Prata cravou o imortal bordão que ‘futebol é uma caixinha de surpresa’.
Embora tenha sido derrotado pelo Avaí por 3 a 2, de virada, foi uma surpresa o desempenho do time bugrino na noite desta sexta-feira, em Florianópolis.
Se rebuscarmos até as performances da equipe desde o início do ano, de certo nada se compara àquilo demonstrado em Florianópolis, neste jogo.
Depreende-se disso tudo que se o Guarani mantiver a mesma postura demonstrada contra o Avaí, ao longo desta Série B do Brasileiro, muito provavelmente pode escapar dessa situação enroscada de zona do rebaixamento.
QUEIMEI A LÍNGUA
Cabe-me reconhecer que queimei literalmente a língua. Desacreditei quando o meia bugrino Bruno Oliveira anunciou que a sua equipe teria postura ofensiva contra o Avaí, e na prática ele surpreendentemente teve razão.
Cá pra nós: depois de rendimentos melancólicos na competição, quem, em sã consciência, poderia supor um Guarani determinado, reduzindo consideravelmente erros de passes, e por vezes mostrando autoridade na partida?
Poderia até me respaldar em minhas convicções que a alternativa mais viável para o Guarani seria se resguardar, para não oferecer espaços ao adversário, como ocorreram no segundo e terceiro gols.
Não. Prefiro reconhecer que certo estava o treinador interino Marcelo Cordeiro, do Guarani, quando transmitiu confiança aos seus jogadores que, uma suposta vitória seria possível se o time se encorajasse na busca ao ataque e dos gols.
A rigor, placar favorável ao Guarani foi construído durante o primeiro tempo, por 2 a 1, mas futebol tem os seus senões que vamos discutir na sequência.
CARTÕES AMARELOS
O Guarani entrou tão ligado na partida que, ao ‘picotar’ o jogo ou catimbar, cinco de seus jogadores receberam cartões amarelos ainda durante o primeiro tempo.
Como o time bugrino estava convicto que o Avaí se mandaria ao ataque – como faz enquanto mandante de jogos – soube usar velocidade em investidas ofensivas.
Foi em arrancada com bola do atacante Airton, por dentro, que o seu parceiro João Victor acabou servido, finalizou, e Airton, que acompanhava o desdobramento da jogada, aproveitou o rebote do goleiro César Augusto para marcar, logo aos dez minutos.
AVAÍ ACORDOU
Aí o Avaí ‘acordou’ para o jogo e, em dois lances consecutivos, ameaçou a meta bugrina.
Se os seus atacantes Hygor e Garcez, exigiram defesa do goleiro bugrino Vladimir, dois minutos depois – aos 19 – o volante Zé Ricardo, do time catarinense, como se fosse atacante de beirada, fez jogada de fundo, cruzou e encontrou Hygor no segundo pau para finalizar e empatar.
Como o Guarani manteve postura ofensiva, soube explorar bola perdida pelo zagueiro Jonathan, roubada pelo centroavante Caio Dantas, que prosseguiu na jogada, sofreu pênalti, que ele mesmo converteu, com chute no meio do gol, aos 27 minutos: Guarani 2 a 1.
VIRADA
Logo aos três minutos do segundo tempo, como o Guarani tinha posse de bola e já buscava o campo ofensivo, o passe errado do lateral Heitor – improvisado do lado esquerdo – serviu para ‘presentear’ o meia Giovanni, do Avaí, que colocou seu parceiro Hygor em condição de marcar, após o lançamento: 2 a 2.
O Guarani sofreu o impacto do empate naquela altura e já não contava com as arrancadas de Airton, visivelmente cansado, e com demora para substituí-lo por Reinaldo, sem que o time tirasse vantagem na alteração, aos 24 minutos.
Como houve predomínio territorial do Avaí até a metade do segundo tempo, foi o período em que ele explorou mais uma vez a zaga bugrina desguarnecida, na bola lançada para Hygor, que sofreu pênalti indiscutível em empurrão do zagueiro Pedro Henrique, só assinalado pelo árbitro Bruno Correia após lance revisado pelo VAR.
A partida ficou paralisada durante cinco minutos e o pênalti foi convertido pelo meia João Paulo, aos 17 minutos, com bola chutada no canto esquerdo.
POTTKER
Depois disso, houve queda de rendimento do Avaí, com desgaste de jogadores e troca por outros de qualidade inferior.
Até o atacante Pottker, que chutou bola na trave, aos 48 minutos, em cobrança de falta, nem de longe mostrou aquele atacante perigoso, e ainda provocou justa expulsão logo em seguida.
Como a preocupação do Avaí, na fase derradeira da partida era sustentar a vantagem, o Guarani teve volume de jogo ofensivo, sem que isso fosse revertido em chances de gols.
LANTERNA
Assim, apesar da atuação até acima das expectativas, esse tropeço do Guarani resulta no incrível registro de cinco derrotas e um empate nos últimos seis jogos.
Reflexo disso é a permanência na lanterna desta Série B do Campeonato Brasileiro, com apenas quatro pontos, o que reforça a obrigatoriedade de vitória ao recepcionar o Ituano na próxima terça-feira, a partir das 19h.
E mesmo que vença, ainda não será o suficiente para sair da zona de rebaixamento.