JUN Problema do Guarani começa com Chamusca e passa por boleiros que costumam falhar
Um jogo supostamente possível para o Guarani se impor e alcançar a almejada reabilitação na Série B do Campeonato Brasileiro foi literalmente jogado no lixo, nesta derrota por 3 a 1 para o Londrina, na noite desta sexta-feira, no interior paranaense. Se o Guarani estivesse com sentido de organização, confiante e bem escalado, provavelmente a história poderia ter sido outra diante do limitadíssimo Londrina, que soube explorar os erros dos visitantes para se prevalecer. O conjunto de erros bugrinos começa pela teimosia do treinador Marcelo Chamusca ao escalar três zagueiros, totalmente sem critério. CASTÁN Alguém pode explicar qual o motivo para o zagueiro Leandro Castán ter vaga no time? Só toca a bola de lado e erra quase todas quando alonga. Pra desarme, é aquilo visto por ocasião do terceiro gol do Londrina, quando o meio-campista Jhonny Lucas ganhou a jogada com facilidade sobre ele. E quando a cuíca ronca e Chamusca abandona a estratégia com três zagueiros, a corda estoura em Ernando, jamais no lento Castán. CONCEITO O mesmo dito em relação à Ponte Preta com o treinador Hélio dos Anjos aplica-se ao Guarani. Quais dos zagueiros propiciam rápida e coordenada saída de bola? Quais deles tem velocidade no enfrentamento 'um contra um' com jogadores velozes? Desfalcado do volante Rodrigo Andrade e sem que os dois da posição tenham um bom passe, como Vilela e Silas, o time bugrino passou os primeiros 15 minutos de partida abusando de erros, compensado também pelo Londrina, que apenas alongava a bola, sem conteúdo. GOL DE ALTINHO Casualmente o time paranaense saiu à frente do placar com gol de falta através do lateral-esquerdo Eltinho, aos 17 minutos, em lance faltoso do volante Leandro Vilela no atacante Caprini, com chute certeiro no canto esquerdo. Até então, os goleiros eram meros espectadores. Aí, em desvantagem no placar, o Guarani se arriscou mais ao ataque, quando se constatou que a marcação do Londrina estava afrouxada, e nem assim os jogadores bugrinos tiraram proveito. TRAVE E EMPATE O time passou a ter mais volume ofensivo quando Júlio César passou a ser mais acionado na esquerda, e em um dos cruzamentos o centroavante Lukão finalizou com a canhota e a bola chocou-se contra a trave do goleiro Matheus Nogueira, aos 29 minutos. Prevalecendo o domínio territorial do Guarani, o gol de empate surgiu em chute rasteiro e certeiro aos 38 minutos, através do volante Silas, explorando toque de cabeça ajeitado pelo lateral-esquerdo Matheus Pereira. GOLS RELÂMPAGOS Não bastasse o treinador Chamusca não conseguir colocar em prática sentido de organização ao time bugrino, as velhas falhas defensivas se fizeram presentes novamente, a começar pelo goleiro Rafael Martins logo aos dois minutos do segundo tempo. Em cobrança de escanteio do volante João Paulo, do Londrina, Martins, disputando a bola com os braços, perdeu para o zagueiro Augusto, com a cabeça. A bola já havia ultrapassado a linha fatal, após tocar no travessão, quando Mirandinha completou. Todavia, o gol foi confirmado para Augusto. Dois minutos depois, sem que tivesse absorvido o impacto, o Guarani sofreu o terceiro gol, oriundo de jogada do Londrina pela esquerda, até que o passe alcançasse Jhonny Lucas, que não tomou conhecimento da marcação de Castán e completou para as redes. BRUNO JOSÉ Tinha que ocorrer tudo isso para que o treinador Chamusca sacasse um zagueiro - caso de Ernando - com objetivo de ganhar mais força ofensiva com a entrada de Bruno José, a partir dos oito minutos do segundo tempo. Desajustes defensivos do Guarani continuaram a ponto de o meia Gegê, do Londrina, desperdiçar a chance do quarto gol, ao chutar a bola no travessão. Depois disso, já com o atacante Yago no lugar de Júlio César, apenas uma bola que triscou a trave direita do goleiro Matheus Nogueira, em bicicleta do bugrino Yago, assim como Mandaca, do Londrina, subiu sozinho, testou e colocou a bola para fora. Deduz-se de mais uma derrapada do Guarani que a troca de Daniel Paulista para Chamusca piorou aquilo que já não era bom e a realidade que dirigentes ativos não permitiriam que treinador cometesse erros conceituais inadmissíveis. Faz falta no futebol dirigente que faça prevalecer a sua autoridade para frear aquilo que em projeção natural não vai prosperar da cabeça de treinador.
JUN Ponte Preta continua o mesmo do mesmo
Mesmo considerando-se as limitações da Ponte Preta, convenhamos que é possível extrair um pouco mais desse time, que ao longo da partida contra o Sampaio Corrêa exigiu apenas uma defesa do goleiro Luiz Daniel. Logo, como o Sampaio priorizou a marcação e soube se defender, o empate sem gols na noite desta quinta-feira, no Estádio Moisés Lucarelli, em Campinas, se ajustou ao pobre futebol mostrado de ambos os lados. Admitamos que diante do Cruzeiro, no Estádio Mineirão, prevendo-se intensidade do adversário, até justificaria três zagueiros. Repetir o formato sem critério que se justificasse, é inadmissível. ALAS Digamos que o cenário seria propício pra transformar laterais em alas, mas o primeiro equívoco do treinador Hélio dos Anjos foi na escolha do lateral-direito. Por que Igor Formiga, veloz e de mais intensidade ficou na reserva, optando-se pela escalação de Norberto, de características diferentes? A mudança, feita apenas aos 11 minutos do segundo tempo, mostrou que Formiga deixou o time mais 'acesso' pelo seu setor. E mais: pressupõe-se que com três zagueiros, os laterais teriam cobertura suficiente para que o time não sofresse risco. Na prática, o Sampaio explorou o buraco que ficou no lado esquerdo da defensiva pontepretana e ameaçou duas vezes em investidas do atacante Pimentinha, que mesmo disperso e até desinteressado do jogo, ainda fez essas jogadas. Na primeira, aos 45 minutos do primeiro tempo, serviu o centroavante Poveda, mas a cabeçada fraca facilitou a defesa do goleiro Luan Ribeiro. Depois, aos 14 minutos do segundo tempo, quando acionou Poveda, que ao finalizar e exigir rebote de Luan, de forma inacreditável o atacante Ygor Catatau desperdiçou, chutando a bola para fora. LENTIDÃO NA SAÍDA Afora isso, de que adiantam três zagueiros com lentidão na saída de bola ou ela alongada indiscriminadamente? Assim agindo, a Ponte facilitou o trabalho de recomposição do adversário, como também permitiu-lhe que disputasse e ganhasse aquilo que se convencionou chamar de 'segunda bola'. Não bastasse isso, como a Ponte não dispõe de um meia para organização das principais jogadas ofensivas, fica a mercê de um ou outro cruzamento de atacantes de beiradas, como fez Echaporã pela direita durante o primeiro tempo, sem que o atacante Lucca estivesse aceso para complemento. DUAS CHANCES A Ponte Preta passou a ter maior volume ofensivo durante o segundo tempo, quando defensores do Sampaio Corrêa 'bateram cabeça' logo no primeiro minuto, quando na bola tocada de Lucca para Fessim, o goleiro Luiz Daniel fechou o ângulo e desviou. Pelo menos o time pontepretano teve percepção do desperdício de alçar bola diante de um adversário com jogadores altos, e a maioria dos cruzamentos foi no chão, exceto nos minutos finais, quando bate o desespero. Todavia, numa bola levantada aos 13 minutos e vacilo de defensores do time maranhense, a cabeçada de Lucca foi fraca e isso facilitou a defesa de Luiz Daniel. ECHAPORÃ Chance mesmo foi registrada aos 18 minutos, quando Echaporã se precipitou no arremate e desperdiçou. E só. Apesar do volume de jogo da Ponte Preta pelo lado direito, com Formiga, as jogadas não foram organizadas e traduzidas em outras chances de gols. Foi quando o Sampaio, já satisfeito com o empate, teve preocupação em se defender, até porque o time acusava cansaço, e o treinador Léo Condé demorou pra sacar Pimentinha, Rafael Vila e Poveda. A logística de viagem do Sampaio Corrêa é complicada. No domingo a delegação retornou de Porto Alegre para São Luís (MA), para na quarta-feira seguir viagem a Campinas.
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