ABR Vitória incontestável da Ponte Preta, mas o momento do CRB não serve de parâmetro
A quebra de jejum de dez jogos sem vitória da Ponte Preta, com o resultado por 1 a 0 sobre o CRB, tem que necessariamente ser analisada sem ufanismo e com realidade pelo seu torcedor. Foi um alívio para a quase totalidade do público anunciado de 2.862 torcedores que compareceram na tarde deste sábado no Estádio Moisés Lucarelli, em Campinas, porque até então pairava incerteza neste início de Campeonato Brasileiro da Série B. Igualmente uma vitória incontestável, pois na prática o time teve mais intensidade, resultante de maior volume de jogo durante o primeiro tempo, quando construiu o resultado em jogada bem trabalhada pela direita, em passe do meio-campista Ramon Carvalho para o lateral-direito Norberto, até que o atacante Lucca fosse servido e completasse para o gol aos 23 minutos do primeiro tempo. INCURSÕES DOS LATERAIS Afora isso, foram frequentes as incursões dos laterais Norberto e Arthur, e assim o time pontepretano rondou a área adversária, sem que isso refletisse em novas oportunidades criadas. Por outro lado, a defensiva da Ponte Preta não era importunada, exceto em descuido na bola lançada pelo atacante Anselmo Ramon, com cabeçada de Fabinho e o goleiro Caíque França salvo pela trave. INTENSIDADE A intensidade do time pontepretano durante o primeiro tempo foi refletida inicialmente pelo fim da teimosia do treinador Hélio dos Anjos, que se rendeu àquilo cobrado desde a primeira rodada: sacar os ineficientes Fabrício, Wesley e Matheus Anjos. Consciente de sua lentidão, o zagueiro Fabrício evita marcação mais adiantada na saída de bola de sua equipe, sábio que ao permitir espaço ao adversário leva desvantagem na jogada em velocidade. Esse posicionamento tirava a compactação da equipe, o que foi evitado com a entrada de Fábio Sanches no lugar dele. Se o meia Matheus Anjos já era tido como jogador enceradeira, pela falta de dinâmica, eis que o lado esquerdo ganhou mais mobilidade com a entrada de Echaporã. Igualmente os espaços do meio de campo passaram a ser mais preenchidos com a entrada de Ramon Carvalho no posto de Wesley. DESGASTE Evidente que a maior presença da Ponte Preta durante o primeiro tempo tem que ser atribuída àquela gota de suor a mais de seus jogadores. Logo, sem a devida dosagem, naturalmente que o desgaste fosse sintomático durante o segundo tempo, e substituições foram inevitáveis. A partir de então o time passou a reeditar aquela mesmice irritante ao torcedor. Houve perda de qualidade com as respectivas saídas de Norberto, Ramon Carvalho e Echaporã, para entradas de Bernardo, Wallisson e Nicolas. Prova do decréscimo de rendimento foi traduzido na única chance criada durante o segundo tempo, em chute fraco de Ramon e defesa sem dificuldade do goleiro Diego Silva. ERROS DO CRB Por sorte da Ponte Preta o adversário mostrou muita desarrumação, a começar pelo aspecto físico, provavelmente pela maratona de jogos no Campeonato Alagoano, Copa do Brasil, Copa Nordeste e agora a Série B do Brasileiro. Postura tática defensiva da equipe fez lembrar a Ponte Preta quando da escalação de Fabrício. Zagueiro Gum perdeu o pouco de mobilidade que ainda tinha, fica basicamente marcando o seu goleiro, e essa postura provoca distanciamento do meio de campo, em espaço bem explorado pela Ponte Preta. MARCELO CABO Torcedor do CRB tem que colocar na conta do treinador Marcelo Cabo erros crassos de observação. Quais as credenciais para colocar em campo o fraco Vico, que não deixou saudade na passagem pela Ponte Preta? Escala e depois o troca por David Brall, sem ganho em qualidade. Sacar o nulo atacante Richard apenas aos 27 minutos do segundo tempo é um despropósito, até porque nem aquela recomposição que fazia quando esteve no time pontepretano foi repetida. E porque manteve em campo até o final da partida o centroavante Anselmo Ramon, que andava literalmente logo após o intervalo?
ABR Ponte Preta e CRB, partida sem favoritismo
Há quase 50 anos estou nesta estrada de jornalismo esportivo e muita coisa sobre conceitos daqueles que opinam não mudou de lá pra cá. A maioria ainda atribui favoritismo ao mandante em jogo cujas forças das equipes aparentemente se equivalem, desconsiderando 'ene' fatores de avaliação. Antigamente pressão de torcedores de equipes da casa pesavam bastante, pois as arbitragens 'borravam' de medo de estádios quase lotados, contrastando com 'gatos pingados' que ainda vão torcer 'in loco'. Hoje, na dúvida, o juizão recebe as bênçãos do VAR e sai impune de campo. Gramados ruins tinham peso na balança, mas em jogos de Série B, por exemplo, a grama já não é tão maltratada como antigamente, o que derruba o argumento de quem está habituado ao terreno tem favorecimento. MILTON BUZZETO Como visitante, de uns tempos a essa parte, a treinadorzada incorporou a filosofia retranqueira do saudoso Milton Buzzeto, dos tempos de Juventus, ao posicionar seu time atrás e jogar por aquilo que se convencionou chamar de uma bola, para surpreender o mandante. Como dizia o também saudoso narrador de futebol Pereira Neto, da Rádio Educadora de Campinas, 'os números estão aí e não mentem jamais'. Eles apontam que nunca na história do futebol brasileiro o visitante colheu tantos resultados positivos como agora, o que deveria desencorajar aqueles de bom senso a atribuírem favoritismo destacado ao mandante. Embora para a coletividade pontepretana e a mídia de Campinas uma vitória reabilitadora diante do CRB seja bem-vinda na tarde deste sábado em Campinas, convenhamos que o retrospecto não alinha a Ponte Preta como favorita. JEJUM DE VITÓRIAS A grosso modo, a tendência é jogo em que tudo possa ocorrer, até porque o futebol mostrado pela Ponte Preta conhecemos sobejamente, pois não vence há dez partidas, coisa que já passa de dois meses. Pode melhorar de rendimento diante do CRB? Por que não? Houve tempo de sobra para que o treinador Hélio dos Anjos enxergasse ajustes inadiáveis a serem feitos, principalmente para sacar jogadores que tropeçam na bola como os meio-campistas Wesley e Matheus Anjos, além do zagueiro Fabrício, que certamente continua intocável. Mas o que esperar daqueles que eventualmente possam ganhar oportunidade na equipe? Baita incógnita! QUEM É ESSE CRB? E como atribuir favoritismo à Ponte Preta se a maioria nem sabe aquilo que está do lado de lá. De certo são conhecidos os zagueiros Gum, Diego Ivo e atacante Richad, que passaram pela própria Ponte Preta, além de Anselmo Ramon, que esteve no Guarani. Sobre os demais, a maioria viu esporadicamente, provavelmente sem um conceito definido. CRB traz também o treinador Marcelo Cabo, adepto do futebol ofensivo, mas circunstancialmente pode adotar cuidados na hipótese de não confiar cegamente no potencial de sua equipe. É isso. Que em última análise se possa constatar uma atuação da Ponte Preta bem diferente daquilo visto nesta temporada.
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