Esta representativa data de 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, precisa necessariamente ser colocada em duas etapas.
Décadas passadas, de fato prevalecia – e acintosamente – o preconceito racial, com espaço encurtado ao negro, ocasião que uma minoria furava a bolha para desempenho em funções relevantes na sociedade.
Com o advento da data e elaboração de leis mais duras contra a prática do racismo, foi-se o tempo do negro continuar fazendo-se de ‘coitadinho’ e ficar só lamentando o encurtamento dos espaços para ele.
Por que o assunto?
MARCO CLEMENTE
Como homenageado pela diretoria da Associação dos Servidores Públicos de Campinas, por ter sido um dos primeiros negros a militar no jornalismo de Campinas, minha gratidão ao presidente da instituição Marco Clemente.
Na ocasião, lembrei que o rádio esportivo de Campinas já foi representado por negros entre as décadas de 60 a 80 do século passado, na Rádio Educadora-Campinas, hoje Bandeirantes.
Entre eles estavam Jaércio Barbosa, Jota Silva e o saudoso José Célio de Andrade.
Naquele mesmo prefixo atuei com o então repórter policial Ari Costa.
DIÁRIO DO POVO
Se não fui o primeiro, estou entre os primeiros negros com ingresso na mídia impressa de Campinas, no finado jornal Diário do Povo, na década de 70.
Ora, se em período de estreitamento ao negro em setores como comunicação, jurídico e empresarial foi possível furar a bolha, hoje a acessibilidade é bem maior.
Convenhamos que houve mudança de rumo quando se vê artistas negros como protagonistas em novelas, contrastando com tempos em que eram escalados como meros figurantes.
Apesar da validade desta reflexão, a perseverança do negro para reivindicar aquilo que lhe é de direito deve persistir. E que isso não seja lembrado apenas no dia 20 de novembro.