É regra o FI reverenciar o ‘Dia do Treinador’, e geralmente o diretor Élcio Paiola transfere pra mim a incumbência de dissertar sobre o assunto.
Como estou em vias de completar o cinquentenário no jornalismo esportivo, com exaustivas observações sobre trabalhos de treinadores, o foco é sobre comandantes das categorias de base.
Sou do tempo que os departamentos amadores de clubes se restringiam ao juvenil. Depois acrescentaram juniores e infantil.
Pois treinadores das categorias de base priorizavam o trabalho técnico, para lapidar o atleta em sua respectiva posição.
LATERAL E ZAGUEIRO
Se o lateral tinha deficiência na marcação, havia um treino específico de acompanhar passadas de ponteiros, ora na tentativa de desarme dos dribles em forma de zig-zag, ora quando ocorria a arrancada visando o fundo de campo. Aí o lateral ensaiava como devia proceder para a devida correção dos defeitos.
Pois quem acompanha a Copinha e vê essa ‘becaiada’ sem o exato tempo de bola, nas disputas diretas com atacantes, a dedução lógica é que a garotada não é bem trabalhada pelo seu comandante.
Repetidos treinos para zagueiros anteciparem atacantes eram obrigatórios nos juvenis de Ponte Preta e Guarani, nos anos 70 do século passado.
Assim, a maioria dos gols sofridos pelas respectivas defesas era creditada ao talento de atacantes adversários.
Hoje, quantos e quantos gols são perdidos por essa molecadinha e até marmanjos dos profissionais dos clubes.
Se no passado, proporcionalmente a perda de gols era bem menor, a resposta é que atacantes e meias treinavam finalizações depois dos chamados coletivos.
Logo, durante os jogos já estavam calejados da melhor forma para bater na bola ou cabeçada.
Agora, treinadores da base e até de profissionais insistem nesses treinamentos?
Fica a dúvida, até porque jornalistas e radialistas não têm acesso à agenda dos clubes.
MUDANÇA NO FUTEBOL
Claro que o futebol passou por processo de mudança de lá pra cá, e o garoto da base já é conscientizado da disciplina tática, com recomposição de atacantes e adoção de esquemas defensivos quando necessários.
Todavia, isso não invalida a tese de treinadores da base no processo de lapidação da garotada.
Aquele conceito do passado que o garoto deve chegar pronto ao profissional, infelizmente não é seguido à risca, exatamente porque a treinadorzada da categoria projeta carreira futura em clubes profissionais, e isso implica em futebol de resultado.