Este oito de dezembro marca o Dia do Cronista, e a data é oportuna para ampla reflexão de ganhos e perdas dos respectivos profissionais da área nas últimas décadas.
Como estou na iminência de completar o cinquentenário na atividade, sou do tempo do jornal elaborado através das máquinas de linotipia – palavras tipo chumbo -, quando o material produzido em laudas, nas redações, ganhava contorno nas oficinas e os exemplares só eram rodados quase ao amanhecer.
Na época, nem se reclamava das fotos borradas, pois havia compensação do conteúdo editorial produzido basicamente com imparcialidade e competitividade entre os veículos de comunicação.
No processo natural de aperfeiçoamento, trocaram as máquinas de escrever Olivetti por computadores, e o processo de rodagem passou a ser através das máquinas de impressão offset, de melhor qualidade.
Aí, no início deste século, a Internet rompeu a barreira da velocidade para as publicações no formato digital, de forma que quase instantaneamente, após as partidas, o leitor passou a receber textos com resultados, dissertações sobre os jogos e entrevistas.
RÁDIO E TELEVISÃO
Se na década de 70 era comum aqueles ruídos em transmissões de jogos, através da frequência de rádios em AM, a melhora foi considerável com mudanças para o FM e opções no Youtube.
Televisão, então, se interessou para transmissões de todos os jogos dos principais campeonatos nacionais e estaduais, com fartura de opções aos interessados.
E O PROFISSIONAL?
Na televisão, ganho considerável com a introdução de ex-jogadores para as análises de partidas, visto que vivenciaram os mais diversos cenários quando atuavam, e assim têm mais facilidade para discorrer sobre situações diversas de uma partida.
Esse lado positivo contrasta com as atuações do pessoal da reportagem que, devido à proibição para o trabalho diário, quer em estádios, quer em centro de treinamentos, optou pela acomodação, aguardando as informações filtradas através dos tais assessores de imprensa.
Aí, o assessor, como subalterno, naturalmente reza a cartilha do ‘manda quem pode e obedece quem tem juízo’.
Assim, inegavelmente há perda sobre a qualidade da informação, prevalece o comodismo com espera para que tudo ‘caia no colo’, e isso desmotiva quem tinha pretensão pela busca de notícias exclusivas.
Se antes o troféu para o repórter era o ‘furo’ de reportagem ou divulgação bem alinhada dos fatos, hoje engole-se informações desencontradas e descasos de dirigentes para melhor apuração dos fatos.
PREJUÍZO PARA TREINADORES
Nós, cronistas, não sejamos hipócritas para discordância do direito de treinadores impedirem acesso do profissional de imprensa durante os treinamentos táticos, quando são elaboradas as estratégias na tentativa de surpreender o adversário.
Todavia, não há porquê o esconde-esconde quando se trata de treinamentos técnicos, que visam o aprimoramento do atleta.
Quando se detecta jogadores que cometem erros bárbaros para finalizações e cruzamentos, por exemplo, os treinos servem para correção.
Logo, na hipótese de o atleta reincidir no erro em transcorrer de partidas, fica claro para o repórter o papel de inocentar o treinador.
Isso se aplica também à chamada bola aérea defensiva.
Ora, se o treinador procura corrigir o posicionamento de zagueiros e demais marcadores, logo indica claramente quais atacantes devem ser incumbidos da marcação a zagueiros adversários nas bolas paradas.
Na conferência do trabalho desenvolvido durante os treinos, o repórter vai observar se a tentativa foi bem-sucedida.
Em sendo, como o treinador ser incriminado em resultado adverso de seu clube, se o tropeço foi provocado exatamente por aquilo trabalhado?
Isso cabe de reflexão aos treinadores que deveriam ‘peneirar’ essa situação e constatar aquilo que, de certa forma, possa favorecê-los.
Portanto, cabe sim às associações de cronistas esportivos reivindicarem para que se abra exceção à presença do repórter nos tais treinos técnicos, o que serve, também, de aprendizagem aos mais novos na profissão, para conferirem como a banda toca.
OUTRAS COLUNAS
Semanalmente a coluna Memórias do Futebol aborda um dos personagens do futebol do passado. O escolhido foi Edu Dracena, com passagens em grandes clubes do Brasil e exterior. Como o início de carreira dele foi no Guarani, a coluna Cadê Você, de âmbito doméstico, faz essa abordagem.