Se você estava aguardando aquele comentário pré-jogo entre Santos e Ponte Preta, na base do ‘chove e não molha’, que jamais mudou nos últimos 50 anos, não vai ser aqui.
Logo, a opção é para outro roteiro e ainda com abrangência sobre Ponte Preta.
Recordemos a derrota dela para o Operário, sexta-feira passada, em jogo que marcou quebra de série invicta no Estádio Moisés Lucarelli, após o retorno do treinador Nelsinho Baptista ao clube.
Aí, deram relevância à fala do meia Élvis quando pediu desculpa ao torcedor pontepretano, com justificativa que o futebol mostrado pela equipe foi aquém do esperado.
Nesta quinta-feira, véspera do confronto diante dos santistas, no Estádio da Vila Belmiro, a assessoria de imprensa do clube disponibilizou entrevista do quarto-zagueiro Sérgio Raphael, e aí viu-se novo pedido de desculpa, em nome do grupo de jogadores, pelo fracasso de sexta-feira.
Quanta diferença de comportamento para o nosso tempo de reportagem, a começar pelo livre exercício da profissão e perguntas diretas e retas ao entrevistado, com direito a réplica e tréplica, se necessário.
No momento que Élvis fazia pedido de desculpa, repórteres corajosos daquela época emendavam: ‘Seria, também, um pedido de desculpa individual de você, considerando-se que havia uma programação específica para que se recondicionasse fisicamente, o tempo passou e observa-se apenas a sua boa visão de jogo para lançamentos e bola parada?’
Claro que haveria risco de resposta malcriada, empurrão na base de sai daí, ou desistência de continuidade sobre o assunto.
MAURO CABEÇÃO
Entretanto, quando o saudoso lateral-direito Mauro Cabeção ganhou uns quilinhos a mais, no seu tempo de Guarani, pergunta similar eu lhe fiz sobre a necessidade de recondicionamento físico e a resposta foi um ‘mar’ de sinceridade: “Você tem razão, Ari. De fato me descuidei fisicamente, mas prometo ao torcedor bugrino que em breve verá aquele Mauro que já aplaudiu”.
Aí o pontepretano escuta Sérgio Raphael com a mesma resposta de pedido de desculpa, em nome do coletivo – sempre no contexto geral -, em vez de assumir responsabilidade por ocasião do gol do Operário, quando perdeu bisonhamente na corrida para o adversário.
ZARUR
Entre incontáveis lances semelhantes, cabe recordar um deles em que Zarur, então zagueiro da Ponte Preta décadas passada, teve a sinceridade de reconhecer uma falha, com promessa de se recondicionar melhor e evitar repetição.
Observaram como a ‘banda toca’ atualmente.
O pronome ‘eu’ dá lugar para o ‘nós’, numa forma de se esquivar de erros e se poupar da individualização.
Evidente que a maioria dos jogadores da Ponte Preta esteve bem abaixo do esperado pelos torcedores contra o Operário, mas nos dois casos citados, convenhamos que primeiro deveria ter sido citado o ‘eu’, depois o ‘nós’.
Fazer o que?