Se raras são as pessoas abençoadas pelo ‘criador’ para figurar entre os nonagenários, mais gratificante ainda é atingir 96 anos de idade em plena lucidez e pernas que aceitam o desafio de caminhadas no Bosque dos Jequitibás de terça a sexta-feira, diariamente.
O personagem em questão é Dorival Geraldo dos Santos, aniversariante em julho passado, e uma história no futebol de estreita ligação ao Guarani.
Em 1949, após um mês no então grupo de amadores, ele começou a participar da equipe principal e foi um dos destaques na campanha de acesso da antiga Primeira Divisão rumo à Divisão Especial, o atual Paulistão, na vitória por 2 a 1 sobre Batatais, em jogo-extra disputado em fevereiro da temporada seguinte, no Estádio Condi Rodopho Crespi, a Rua Javari, em São Paulo.
Na ocasião, ele foi o autor do segundo gol bugrino e atuava como um veloz e hábil ponteiro-direito.
Após dois anos de Guarani, marcado indistintamente por quaisquer dos corredores, foi jogar no Botafogo de Ribeirão Preto, Bangu e Paulista de Jundiaí, antes do retorno a Campinas em 1959. No clube carioca, foi parceiro dos saudosos Zózimo e Zizinho, zagueiro e meia respectivamente.
A carreira de atleta se estendeu até fevereiro de 1964, num jogo amistoso em Campinas contra a Inter de Limeira, quando o Guarani contava com esse time, comandado pelo técnico Godê: Dimas; Belluomini, Ditinho e Américo II; Bebeto e Eraldo; Vado (Carlinhos), Amauri, Vicente, Nenê (Telê Santana) e Dorival.
Na ocasião, entre a opção de estender um pouco mais a carreira de atleta, com excursão marcada à Colômbia, preferiu assumir a experiência de treinar a equipe de aspirantes, quando conferiu as boas informações sobre o centroavante Babá, e foi buscá-lo em Mogi Guaçu.
Foi Dorival quem montou o eternizado quarteto ofensivo formado por Joãozinho Nelsinho Babá e Carlinhos.
Ao continuar no comando da equipe de aspirantes, Dorival era sempre requisitado para assumir interinamente o elenco principal, quando do desligamento de treinadores.
E isso se prolongou até o transcorrer da década de 70 quando assumiu o cargo de supervisor do clube, e ficou na função até o início dos anos 90.
Se há um dirigente incomparável na história do Guarani, ele faz questão de citar o saudoso Luiz Roberto Volpi, o Volpão.