Futebol reserva alguns capítulos imprevisíveis dentro de uma partida. Quando o mandante Ceará dava mostra que não mais conseguiria transpor a meta do Guarani, em jogo que se desenhava para um empate por 1 a 1, até os 33 minutos do segundo tempo, eis que um golaço em cobrança de falta, através do meia Lourenço, mudou o roteiro da partida: 2 a 1.
Não só pelo fato de o Ceará ficar novamente à frente do placar, na ocasião, como porque o Guarani se lançaria de forma afoita ao ataque, em busca do empate, e aí propiciaria contra-ataques para um time que conta com o hábil e veloz Érick Pulga, capaz de, em drible seco e desconcertante, deixar o lateral-esquerdo Jefferson ‘estatelado’ no gramado, sujando o calção, e o complemento da jogada com um ‘balaço’ contra o canto alto direito do goleiro Vladimir, aos 47 minutos do segundo tempo: Ceará 3 a 1, placar final do jogo em Fortaleza, na noite desta terça-feira.
Sim, o mesmo Érick Pulga que tendo espaço para jogadas de velocidade, fica difícil marcá-lo.
Foi assim que ele mesmo abriu o placar para o Ceará, ao puxar contra-ataque pela direita, livrar-se das marcações do volante Matheus Bueno e Jefferson, em dribles na diagonal, e ajeitar a bola para a finalização de canhota, no canto direito do goleiro Vladimir, aos 26 minutos
CARTOLAS DE CAMPINAS
Outro capítulo reservado no futebol é que ano passado, quando o então desconhecido Érick Pulga já dava mostra que prosperaria no futebol, com a camisa do Ferroviário (CE), aqui mesmo neste espaço foi alertado reiteradas vezes à cartolada de Guarani e Ponte Preta para prestarem atenção neste jogador, após vê-lo em jogos do Campeonato Cearense.
À época, até seria viável a contratação, pelas condições financeiras dos clubes campineiros e ainda caracterizado como ‘promessa’.
O tempo passou, cartolas daqui fizeram-se de cegos, e hoje constatam a grande oportunidade perdida, que não foi por falta de aviso. Aí, o Ceará não titubeou e o resultado está aí.
CARA UM POUCO MELHOR
Cabe ressaltar que o futebol praticado pelo Guarani não era para derrota, pois o empate se ajustaria melhor no contexto geral da partida.
Considerando-se, ainda, as reconhecidas limitações de algumas ‘peças’ do elenco bugrino, a projeção natural é que, se mantiver o rendimento mostrado contra o Ceará, com progressivo crescimento, possa brigar pra valer visando escapar do rebaixamento desta Série B do Campeonato Brasileiro.
POSSE DE BOLA
O Guarani entrou em campo determinado a valorizar a posse de bola, mesmo que lentamente, com propósito de apenas acelerar quando havia espaço para isso.
O planejamento tático dava certo, porque sem a bola a recomposição de seus jogadores era rápida, para a marcação, e assim evitava-se espaços para que o Ceará pudesse construir jogadas ofensivamente, implicando, isso sim, em erros de passes do adversário.
No primeiro tempo, afora o lance do gol cearense, risco apenas em descuido de marcação do zagueiro Matheus Salustiano, na cobrança de escanteio do Ceará, quando Aylon ganhou a disputa pelo alto, testou e exigiu defesa precisa do goleiro Vladimir, aos 22 minutos.
Depois disso, a boleirada do Guarani se entusiasmou pelas características do jogo, julgando que em favorável cobrança de escanteio pudesse surpreender, com a maioria se projetando à área adversária, ficando apenas o lateral-esquerdo Jefferson e o volante Matheus Bueno para eventual cobertura. Resultado: time surpreendido no contra-ataque, com gol dos mandantes.
PÊNALTI
Com a vantagem parcial, o Ceará abaixou as linhas e, quando o jogo se arrastava para o final da primeira etapa, eis que um erro crasso do lateral-direito Rafael Ramos, na tentativa de recuo de bola ao seu goleiro, propiciou que o atacante bugrino Airton ganhasse a jogada e sofresse o pênalti de Richard, aos 41 minutos, convertido instantes depois com chute certeiro do centroavante Caio Dantas, no canto direito: 1 a 1.
De prático ofensivamente, no segundo tempo do Guarani, apenas arremate de Caio Dantas, logo aos dez minutos, com provável endereço do gol, mas providencialmente houve desvio do zagueiro Matheus Felipe.
Foi o período em que se repetiu desgaste físico do time bugrino – principalmente Caio Dantas – e perda considerável com a saída de Airton, por lesão, aos 27 minutos.